Comemorar 30 anos de estrada não é para qualquer um, mas o Pato Fu encara esse processo com a mesma disposição que lhe é peculiar. Foi dessa forma que a banda se apresentou, no sábado (30), no Teatro Guaíra, em Curitiba. Artistas disseram entender que o papel da música é o de trazer conforto, mas também conscientização. Veja a entrevista completa abaixo.
Desde 1992 na estrada, o Pato Fu é por si só uma banda que gosta de experimentar seus próprios conceitos musicais. Isso fez, inclusive, com que o grupo conquistasse muita coisa nestes 30 anos: um Grammy Latino, conquistou discos de ouro e emplacou canções em trilhas de novela.
Mas é por se manter original, mesmo com toda essa busca pelo novo, que o Pato Fu se destaca. À Banda B, os artistas comentaram sobre o segredo de continuarem firmes e fortes, algo que eles avaliam como o resultado de todo o cuidado que tiveram com o trabalho realizado por décadas.
“Tem o principal que é cuidar bem da música. A música é a nossa musa maior, então toda etapa de trabalho tem que ter esse foco. A gente tem que ter música decente, boa, que vá motivar as pessoas a quererem estar com a gente. Sempre quando a gente vai fazer um trabalho novo, cuida muito de repertório, cuida muito da apresentação, de como a gente vai mostrar às pessoas. Acho que isso é fundamental, sem a música estar bem, a gente não vai estar bem”
avalia Fernanda Takai.

Já o baixista Ricardo Koctus destaca também que, nesse tempo todo de estrada, nada aconteceria se não houvesse cumplicidade, amizade e respeito.
“Amizade, gostar de fazer o que faz. Eu sempre falo muito em casa, principalmente com meu menino, que ele pode ser o que ele quiser, desde que goste do que faça. Tocar no Pato Fu é gostar de tocar no Pato Fu. A gente tem uma amizade, a gente se respeita, aprendemos a entender os defeitos, porque é muito fácil conviver com as qualidades, mas entender os defeitos e ser solidário é o que funciona para qualquer banda, relação, casamento”
comenta o baixista Ricardo Koctus
Veja a entrevista completa com o Pato Fu:
Música como conscientização
Com 13 discos e cinco DVDs lançados, o grupo mineiro tem sido reconhecido como um dos mais criativos do cenário do pop rock nacional. Em vários momentos, o Pato Fu já foi também legitimado pelo senso crítico (na maioria dos casos, de modo subjetivo), abordando diversos aspectos dos problemas sociais e da política do país.
O disco mais atual, que levou o nome apenas de 30, em alusão à jornada da banda, mostra o Pato Fu antenado com os sentimentos e as sensações de um “Brasil recente”.
Apesar de “não levantarem bandeira”, como dizem, os músicos disseram entender que esse é o papel da música, não só como conforto, mas como conscientização do próprio público.
“Na verdade, a gente levanta bandeira de que somos contra algumas coisas. As três primeiras músicas, acho que principalmente as duas primeiras, retratavam muito um momento político, que a gente ainda não está livre desse momento. Elas retratavam muito isso e foi combustível para fazer o resto”
avaliou Ricardo Koctus.
Já para o guitarrista John Ulhoa, transformar sentimentos em música é a melhor forma de falar o que querem. Inclusive quando é para criticar.
“Acho que é como a gente pode se comunicar melhor e com eficiência. Quando eu tenho algo a dizer sobre algum assunto, a melhor maneira que eu faço isso, a maneira que mais atinge as pessoas, é compondo alguma coisa. Às vezes eu nem levanto uma bandeira tão diretamente de algum assunto, mas eu falo de uma maneira que mostra qual é a nossa posição e pode ser que aquilo toque em alguém. Particularmente é o meu jeito de escrever as coisas. Raramente a gente faz uma música levantando uma bandeira, ‘somos a favor de tal coisa’, mas tá claro que a gente é a favor de tal coisa”
considerou John Ulhoa.
