Com 40 anos de idade e 31 de carreira, escolher os caminhos que você vai percorrer é o mínimo dos benefícios que se pode ter, não? Pois é com essa leveza que Paula Fernandes tem vivido os anos mais recentes de sua história na música. E foi tomando decisões que a cantora escolheu Curitiba para estrear, no dia 25 de outubro, no Teatro Positivo, sua nova turnê, baseada no disco recente lançado por Paula Fernandes, “Qual Amor Te Faz Feliz?”. Veja o vídeo da entrevista abaixo.

O novo álbum, lançado em duas partes, reflete principalmente a mensagem de amor-próprio transmitida pela artista nos últimos anos. Além de resgatar sua própria essência musical, Paula também buscou dizer que o amor tem a tradução que couber para cada pessoa, que deve buscá-lo acima de tudo, dentro de si.
“Digamos que realmente retrata um momento muito importante da minha vida, porque ele simboliza um amor próprio, um momento ímpar, único, que eu afinal de contas levei uma vida para alcançar. E também significa essa voz para representar tanta gente que luta pela liberdade de se expressar, de ser o que quiser ser, de amar quem quiser amar, desde que seja feliz. Eu acho que deixa bem claro que a gente deve ser feliz com aquilo que nos faz feliz de uma forma plena e genuína. Acho que ele retrata bem isso, nesse meu momento de vida”.
Paula disse que, cada vez mais, estamos caminhando para um momento mais leve também no amor no sentido de as pessoas aceitarem quem elas são e quem as outras pessoas são. Quando começou a pensar nas canções, foi nisso que se inspirou.
“A gente está vivendo uma fase de libertação dessa voz, que é o casal homosexual, é aquele outro formato que não é o “padrão” das pessoas. E as pessoas estão felizes. E desculpa a palavra, mas ‘foda-se’, o importante é estar feliz. Essa agem aqui é única e a gente tem que viver o presente como se fosse o último dia da nossa vida. As pessoas falam que a vida é única, mas na verdade a vida é todos os dias, a morte que é única e a gente não pode esperar isso acontecer para se despertar para isso”.
O recente trabalho de Paula Fernandes tem 100% da artista nele. Isso porque a cantora, há algum tempo, é responsável por gerir a própria carreira musical e planejar tudo nos mínimos detalhes: da composição ao marketing, algo que ela confessou gostar de fazer.
“Eu participo de todo o processo, desde a composição das músicas, dos arranjos, a parte de arte gráfica, em relação até a própria parte do marketing em si. Eu sou formada em marketing, acho que pouca gente sabe, e eu gosto muito desse universo, de estar no bastidor trabalhando dessa forma”.

Os 40 de Paula Fernandes
No dia 28 de agosto deste ano, Paula Fernandes completou 40 anos. Pouca gente sabe, mas a cantora começou muito nova, quando ainda era criança, o que a faz também celebrar os 31 anos de carreira.
Depois de tanto percorrer na estrada da música, quando questionada se ainda sente que “falta algo”, Paula foi enfática: sim. Ao mesmo tempo, entende que cada vez mais se aproxima de quem ela realmente gostaria de ser.
“Acho que faltar sempre falta, porque é uma tendência da natureza. Eu ofereço o meu melhor naquele momento, mas é claro que a gente vai estar sempre pior do que amanhã e melhor do que ontem. O que eu acho que está acontecendo, de alguns projetos pra cá, é um resgate da Paula Fernandes em essência. Houve um momento de uma agem entre um projeto e outro, que não foi tão bem assim, que é natural, cíclico, mas eu acho que de todos os projetos esse mostra mais o resgate da essência da Paula Fernandes e a gente vai caminhando para um resgate ‘definitivo’. Não gosto dessa palavra, porque a gente tem que se renovar para não repetir, mas eu acho que de todos esse é o mais parecido comigo nesse momento presente”.
Paula Fernandes sempre foi conhecida pela voz potente e pela mensagem nas músicas. Nestes mais de 30 anos de carreira, esse objetivo continua.
“A valorização da mensagem continua a mesma, porque eu sempre dei valor a isso, eu acho que a música por mais alegre que ela seja não precisa ser boba, fútil. Essa pegada meio folk, que não é tão comum aqui. Está cada vez mais parecido comigo em essência e acho que em diante isso deve acontecer com mais frequência, porque inquieta que eu sou, já estou preparando o próximo projeto. Ele ainda vai ser mais parecido com o que eu gosto de cantar”.
Ela considera que sempre foi uma pessoa mais resistente às pressões do mercado. E foi por isso que, avaliando o ado, pagou pelas próprias decisões.
“Sempre fui muito resistente. Acho que alguns projetos não alavancaram tanto por esse motivo, porque existia uma pressão do sistema para que eu adaptasse e fizesse uma cópia do que todo mundo está fazendo, e remei contra a maré várias vezes”.

Melhor fase na música e na vida
Pessoalmente, Paula avalia que está vivendo a melhor fase. Quando se vê dez anos atrás, nota a diferença. Mas ao mesmo tempo, também entende que a maturidade que tem hoje só veio pelo que viveu.
“A maturidade traz uma serenidade para o olhar e uma segurança, que é o mais importante. Nesse período todo, eu, como todo mundo, tive muita coisa para vencer, principalmente quando ei a ser uma pessoa pública. Você vencer seus próprios complexos diante das câmeras, diante das pessoas, diante do julgamento muitas vezes maldoso das pessoas, cheio de ódio gratuito como é na internet, principalmente, é muito difícil. A gente tem que ser muito equilibrado para não enlouquecer. Com o tempo eu fui enfrentando isso com mais segurança, mais maturidade. No princípio isso me incomodava muito, principalmente em relação às fake news”.
Já profissionalmente, Paula disse que há algum tempo pisou no freio, por escolha própria. Decisão acertada que todo profissional deveria ter quando percebe que já tem “culhão” para tomar.
“Fazer o que eu quero, já tem um tempo que estou em busca disso, a começar pela agenda de shows: eu já fiz 30 shows em um mês, já fiz 220 apresentações em um ano, já fiquei dias e dias sem dormir e eu era ‘um sucesso’, porque estava na crista da onda, vivendo o que muitas das garotas estão vivendo hoje. Mas eu não estava feliz. Se você me perguntar se eu viveria isso tudo de novo, viveria de novo. Mas aquela vez já está ótimo. Eu sonhava com o dia do meu momento presente”.
Atualmente, Paula disse que tem feito cerca de 10 shows no mês, escolhe as logísticas e não faz mais nada por obrigação.
“Estou bem feliz com o meu presente, acho que está muito mais equilibrado e estou contente com as minhas produções. Hoje eu sou gravadora, a Jeito de Mato distribui pela Virgin, e isso também me deu bastante independência, eu posso gravar o que eu quero e fazer minha própria história”.
Veja a entrevista completa com Paula Fernandes:
Fake news e saúde mental
Ao longo destas três décadas de carreira, Paula Fernandes sempre foi um nome escolhido para notícias falsas e fofocas depreciativas. Ela aprendeu a lidar com isso entendendo a si mesma, principalmente olhando para a Paula Fernandes de Souza, a “pessoa física”.
“Eu sei de onde eu vim, e tenho para onde voltar. É a famosa linha da pipa. Esse pé no chão é muito importante para centrar, para focar. Sou uma pessoa defeituosa como qualquer outra, mas nunca tive mania de grandeza e ostentação”.
Segundo a cantora, a forma de enfrentar o ódio gratuito ela foi amadurecendo, desenvolvendo com o tempo.
“A gente vai levando tanta porrada, que chega uma hora que a casca fica grossa. Tem uma questão do público, que tem muita gente que consome notícia ruim, mas vira também uma coisa de piada. O público está cada vez mais consciente de quem eu sou, acho que já meio que não caem não. Sabem que é fofoca”.

Estreia de turnê em Curitiba
Curitiba tem um lugar especial no coração de Paula Fernandes, muito por conta das experiências com fãs que viveu na capital paranaense. Ela mesmo lembra de uma história que já foi contada algumas vezes pela imprensa, de uma fã que tinha câncer e se curou.
“A Lia, aquela paciente terminal de câncer que tinha o sonho de me conhecer. Foi muito marcante para mim porque foi dolorido estar com aquela criança que, teoricamente, não tinha futuro, não tinha esperança. Algum tempo depois apareceu ela com o cabelo comprido, cachos, vestida tipo Paula Fernandes e as pessoas dizendo que não tinha uma explicação para ela se curar. Muita gente disse que não fui eu que curei, mas sim aquela fé e a vontade de me conhecer era tão grande que a realização pode ter interferido. A gente sabe o poder que tem a música, a fé”.
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A escolha de Curitiba para estrear a nova turnê ‘Qual Amor de Faz Feliz?’ não foi ao acaso. Como deixou claro, Paula Fernandes tem tomado decisões importantes em sua carreira. Ela promete um show intenso.
“Estou bastante feliz em voltar. Vou estrear a turnê nova, com repertório de 64 canções. A gente está fazendo de uma forma bem diferente, que venho trabalhando há muito tempo para a gente oferecer entretenimento”.
Paula adiantou que o show vai misturar músicas de sua trajetória, mas também guarda surpresas.
“Vai ser uma Paula que canta sucessos da Paula Fernandes, mas também que canta um trecho de Calypso da Joelma, ou algo do Natanzinho. Posso me dar ao luxo de transitar em todos esses gêneros e oferecer a minha voz, que se torna cada dia mais universal porque já gravei de tudo. É uma turnê inédita, estamos bastante animados, ensaiando a finco, e esperamos oferecer o melhor show para o público de Curitiba”.

Serviço:
Paula Fernandes em Curitiba
Quando: sexta-feira, 25 de outubro de 2024
Onde: Teatro Positivo (Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido)
Horários: abertura da casa às 20h15 e show às 21h15
Quanto: ingressos variam de R$ 100 a R$ 620, de acordo com o setor e modalidade escolhidos. Venda pelo Disk-Ingressos.