A Prefeitura de Curitiba contrariou a versão dada por uma zeladora de 52 anos que fez o parto do próprio neto na noite desse domingo (21), em nota enviada à Banda B. Diferente do que foi dito pela familiar, que apontou uma demora de duas horas para a chegada da ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) até o local onde ocorreu o trabalho de parto, o município destacou que o veículo chegou até o bairro Sítio Cercado 15 minutos após o acionamento.

A nota enviada à reportagem ainda destacou que o chamado ocorreu às 23h53 e, pouco depois da meia-noite, a ambulância já estava em deslocamento para atender a gestante em trabalho de parto.
A ambulância de e Avançado de Vida chegou ao local indicado às 00:15, sendo que o parto havia sido consumado às 00:09. A equipe médica acolheu a família e o próprio pai do bebê cortou o cordão umbilical após a chegada do Samu. Após atendimento médico na residência da família, mãe e bebê foram levados ao hospital, conforme protocolo de urgência para esse tipo de caso.
Prefeitura de Curitiba.
O texto ainda apontou uma situação envolvendo a gestante. De acordo com a prefeitura, a mulher foi orientada durante o pré-natal na gravidez a procurar o Hospital Evangélico Mackenzie quando entrasse em trabalho de parto.
A gestante havia ado o dia com dores do parto, no entanto, não buscou o atendimento no hospital indicado para ter seu bebê.
Prefeitura de Curitiba.
O outro lado
De acordo com a família, Era por volta das 23h quando o pai do menino ligou para o Samu a fim de acionar uma ambulância até a rua Cambé, no bairro Sítio Cercado. A demora, contudo, levou Antonia Mara Soares a estender um cobertor sobre a calçada, colocar um travesseiro sob a cabeça da filha e fazer o parto do neto.
Meu genro ligou para o Samu por volta das 23h. Quando deu meia-noite, nada do Samu aparecer. Nada! Eu não queria ver minha filha sofrer, e ela foi obrigada a deitar na calçada. Coloquei um travesseiro, uma coberta e mandei brasa.
Antonia Mara Soares, em entrevista à Banda B.
Às 00h09 de segunda-feira (22), Ravi nasceu nos braços da avó. Cerca de uma hora depois, a ambulância do Samu chegou ao endereço solicitado, segundo a família.
Já não precisava mais. Isso é uma falta de consideração com o povo. Se tivessem que morrer, minha filha e meu neto teriam morrido nos meus braços. Quando a ambulância chegou, a socorrista disse: ‘Nossa, já nasceu!?’.
Antonia Mara Soares, em entrevista à Banda B.
Polêmica envolvendo unidades de saúde
O caso ocorre em meio à lotação de hospitais e em um cenário marcado pela demora no atendimento em unidades de saúde de Curitiba. Há cerca de dez dias, por exemplo, a Banda B mostrou casos de pacientes que precisaram aguardar atendimento em hospitais dentro de ambulâncias.
A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa-PR) negou que os hospitais estivessem enfrentando um colapso, embora o diretor-geral da pasta tenha falado que “todos os prontos-socorros de Curitiba estavam abarrotados”.