
A atuação de Zinedine Zidane contra o Brasil, nas quartas de final da Copa do Mundo de 2006, foi uma das melhores da carreira do craque, que completa 50 anos nesta quinta-feira (23). Além de lances plásticos, como pedaladas, chapéu sobre Ronaldo e arrancada deixando Lúcio e Gilberto Silva no chão, o francês foi o autor da assistência para o gol de Henry, que fez o 1 a 0 que decretou a eliminação brasileira. E fez tudo isso estando lesionado.
Zidane revelou agora, 16 anos depois, ao diário francês L’Equipe, que atuou com uma lesão na coxa. Ele sentiu o incômodo nas oitavas de final daquela Copa, quando marcou o terceiro gol da França contra a Espanha.
“Tinha um caroço. Quase ninguém sabia”, afirmou.
“Falaram que não podia jogar”
Após os exames, ele foi informado pela equipe médica que não poderia atuar na fase seguinte, justamente o duelo contra o Brasil. O camisa 10, que encerraria a carreira após aquele Mundial, ‘peitou’ a decisão.
“Fiz exames e disseram que eu não jogaria contra o Brasil. Eu disse: ‘está fora de questão que eu não possa jogar contra o Brasil”, disse. Os médicos, porém, o ajudaram a entrar em campo.
“Fizeram tudo para eu jogar porque eu queria muito. E eu joguei. Cada jogo podia ser o meu último”, relembrou. “Eu tinha tanto isso na cabeça que era impossível não jogar contra o Brasil. Eu queria aproveitar cada segundo”, completou.
Do lado brasileiro, o time escalado por Carlos Alberto Parreira tinha um setor ofensivo com os astros Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká, além de Adriano no banco de reservas. Todos, contudo, foram ofuscados por Zizou, que esbanjou habilidade, protagonizando lances plásticos, e deu a assistência para o traumático gol de Henry, em cobrança de falta.

Trauma
Depois de eliminar o Brasil, a França encarou Portugal, que era comandado por Felipão, na semifinal. Com gol de Zidane, de pênalti, os ses se classificaram para a final.
Na decisão, contra a Itália, houve empate por 1 a 1 no tempo normal. O gol dos italianos foi marcado por Materazzi; o gol francês foi novamente anotado por Zidane. Na prorrogação, os dois foram protagonistas de uma das cenas mais famosas do futebol mundial. Após ser provocado pelo italiano, Zizou deu uma cabeçada nele, e acabou expulso no último jogo da carreira.
“Ele insultou minha irmã, que estava com minha mãe (que estava doente) na época”, contou Zidane ao L’Equipe. “Ele desencadeou algo falando sobre minha irmã Lila. É o espaço de um segundo e já ou… Mas depois, você tem que aceitar. Não me orgulho, mas faz parte da minha jornada”, completou.
A partida foi para os pênaltis, e os italianos levaram a melhor, conquistando a quarta Copa do Mundo da história do país.

Futuro
Na entrevista ao L’Equipe, ele também falou sobre o futuro da carreira como treinador. Sem clube desde que deixou o Real Madrid, em maio de 2021, ele tem o sonho de voltar a uma Copa do Mundo, como técnico da seleção sa.
“É a melhor coisa que pode acontecer. Quero ser, é claro, e espero ser, um dia. Mas isso não depende de mim. Conheci esta seleção sa como jogador. E essa é a melhor coisa que já me aconteceu. Sério, é o auge. E assim, como vivi isso e hoje sou treinador, a seleção da França está firmemente enraizada na minha cabeça”, concluiu.