Polícia Civil não pôde ouvir militares envolvidos na morte de Maurinho, diz delegado
Cavalaria da PM está no centro de investigação sobre morte de paranista. Foto: Reprodução/Facebook Regimento de Polícia Montada Coronel Dulcídio

Todos os policiais militares da cavalaria que trabalharam no dia da morte de Mauro Machado Urbim, conselheiro do Paraná Clube e presidente da Fúria Independente, não puderam ser ouvidos no inquérito concluído pela Polícia Civil, disse o delegado Luiz Carlos Oliveira, da Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe).

Em entrevista ao Portal da Banda B, o delegado afirmou que chegou a solicitar ao comando da Polícia Militar do Paraná (PM-PR) que pudesse tomar os depoimentos dos PMs que atuaram naquele 29 de julho, que terminou na morte de Urbim após um cavalo da corporação atingi-lo com um pisão, durante uma confusão na Vila Capanema.

“Pedi por duas vezes para ouvi-los, mas me foi dito que eles já haviam prestado depoimento no âmbito do inquérito policial militar”, revelou Oliveira. O teor dos depoimentos prestados na apuração interna da PM-PR também não foram compartilhados com a Polícia Civil, acrescentou o delegado do Demafe.

Nesta quinta-feira (1) pela manhã, Oliveira participou de uma entrevista coletiva ao lado do o tenente-coronel da cavalaria da PM-PR, Emílio Angelotti, para falar sobre o laudo que concluiu que, de fato, o presidente da principal organizada do Paraná morreu pelo pisão do cavalo, e não pela suposta queda atribuída a ele durante a confusão.

O que concluiu o Demafe

Nas investigações da Demafe, foi apurado que Urbim foi para a parte de fora do estádio após a chegada de mais um grupo de torcedores do Paraná. Segundo ele, seguranças avisaram a PM-PR que haveria uma invasão de pessoas sem ingressos, por isso a cavalaria foi deslocada e houve uma confusão. A organizada diz que os policiais iniciaram o conflito, enquanto a PM-PR informou que reagiu apenas depois das suas ordens para o recuo dos torcedores não terem sido atingidos.

Na sua primeira versão, em coletiva prestada em 3 de agosto, dois dias após a morte de Urbim, a PM-PR declarou que houve uma tentativa de invasão do setor visitante ocupado por torcedores do FC Cascavel teria precipitado o confronto que terminou com a morte do presidente da Fúria – fato negado pelos visitantes. Em comum, apenas a consideração de que o pisão do cavalo sobre o paranista foi uma “fatalidade”.

Procurada pela reportagem, a PM-PR não respondeu ao contato. Se houver um retorno, ele será atualizado nesta mesma matéria. Mais cedo, Angelotti declarou que, depois de ouvidos, os agentes da corporação não foram punidos, pois as suas condutas foram consideradas lícitas e de acordo com as melhores práticas da polícia.

Já a representante da família da vítima discorda das conclusões que apontam para uma “fatalidade” e prometem aguardar uma posição do Ministério Público do Paraná (MP-PR) antes de definir quais medidas serão tomadas. Questionado pelo Portal da Banda B se espera por pedidos de novas diligências, o chefe do Demafe disse que tudo que for solicitado pelos promotores será realizado, conforme manda a lei.