Uma amiga de Diogo Fernando Souto Filheiro, de 38 anos, morto após um suposto confronto com policiais militares, diz que ele foi morto por engano. A ação aconteceu na noite de terça-feira (10), no bairro Boa Vista, em Curitiba. Diogo estava com o carro do irmão dele, Édson Luiz Filheiro Filho, que tem ficha criminal e foi flagrado cometendo furtos. Veja o vídeo abaixo.

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Fotos: Reprodução.

Na noite do crime, os policiais disseram que viram o carro, um Renault Clio, que já tinha sido identificado em diversos furtos e roubos em Curitiba e região. Na tentativa de abordagem, o suspeito fugiu e foi perseguido por algumas ruas, até que teria atirado contra os policiais.

Ainda segundo a PM, o homem estava armado com um revólver calibre 32. “Durante a abordagem, o mesmo desferiu disparos contra a equipe. Para repelir a injusta agressão, foram feitos disparos contra ele, que veio a óbito”, disse o aspirante Vieira.

Apesar disso, uma amiga, que procurou as reportagens da Banda B e da RICtv, afirma que Diogo, o homem morto no suposto confronto, não era o dono do carro. 

“O carro do Diogo está estragado, e porventura ele pegou o carro, que ele não sabia que o irmão usava para cometer os furtos. A polícia já tinha marcado o carro, falaram que ele cometeu fuga,mas ele não cometeu fuga, ele parou o carro. E foi o que aconteceu”

disse a amiga, que pediu para ser identificada apenas pelo primeiro nome, Natalie. 

Segundo Natalie, Diogo – que foi morto com um tiro no peito e outro no pescoço – não tinha ficha criminal. Mas o irmão dele, Édson, sim.

“Se puxar a ficha dele, vai ver que não tem nada de errado. A ficha do irmão dele é extensa, tenho pena da família dele. Diogo acabou sendo assassinado covardemente pela polícia, que não sabe fazer abordagem correta. Existem policiais corretos, mas existem policiais que não têm capacidade de fazer uma abordagem correta”

comentou a amiga.

Quanto à arma que, segundo a PM, teria sido usada por Diogo, a amiga contesta: para ela, o revólver calibre 32 foi plantado pelos policiais que o mataram.

“Foi uma arma plantada. Ele não tinha arma. Ele nunca usaria arma. Foi uma arma plantada, a gente vai pedir uma perícia para ver se tem marcas de impressão digital que não seja dele, porque quando eles plantam arma, eles colocam a digital da pessoa mesmo morta, porque o corpo está quente, a digital aparece”

denunciou a jovem.
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Câmeras de lojas flagraram furtos cometidos pelo irmão de Diogo. Foto: Reprodução.

Câmera flagrou ações de irmão

Conforme a amiga e a apuração da Banda B, Édson Luiz Filheiro Filho, o irmão de Diogo, realmente já vinha cometendo pequenos furtos e assaltos em Curitiba. Com a morte do irmão, Édson fugiu.

Vídeos de câmeras de segurança de duas lojas registraram as ações do homem, inclusive. Em ambos os vídeos, Édson agiu de forma bem parecida: esperava um minuto de distração da vítima, e pegou o celular.

Veja os vídeos:

Busca por Justiça

A amiga de Diogo disse que decidiu se unir à família na busca por Justiça. Isso porque todos acreditam que ele tenha morrido por engano.

“Não tem lógica você matar um inocente. Eles se confundiram, pela fisionomia da pessoa, por serem parecidos, só que não é a mesma pessoa. A gente está em choque, abalado, e decidi assumir isso na parte jurídica porque eles não têm condições”

comentou a jovem.

Segundo ela, “Diogo era uma das melhores pessoas” que, além de não ter arma, não teria sequer coragem de atirar contra alguém. “Muito menos fugir”. 

“Era uma pessoa boa, trabalhadora, honesta. Pessoa com o coração enorme, sempre rodeado de amigos, de tão bom que ele era […]. A Justiça agora é buscar o certo. Eu quero mostrar o certo e provar que ele era inocente e que fizeram isso de forma covarde”

concluiu Natalie.

PM investiga

Procurada, a Polícia Militar informou que o motorista desobedeceu à ordem de parada e efetuou disparos de arma de fogo contra os policiais. “Diante da injusta agressão, os policiais militares revidaram, alvejando o indivíduo. Apesar do rápido acionamento do socorro médico, o suspeito não resistiu aos ferimentos e acabou em óbito”.

Conforme a nota, “em conformidade com os protocolos adotados para ocorrências com resultado morte, a PMPR preservou a cena do fato e acionou a Polícia Científica e a Polícia Civil para a realização dos levantamentos periciais. Uma arma de fogo que estava em posse do suspeito foi apreendida no local”.

Apesar disso, a PM ressalta que será instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM) com o objetivo de apurar todas as circunstâncias da ocorrência. Após sua conclusão, o inquérito será encaminhado para apreciação do Ministério Público.